(Minha prima Nêga. Minha amigona Leila. E uma menina chata.)
Nada se resume a minha infância. Minha infância
não se resume. Esses 18 anos de minha infância
me ensinaram tudo o que sou. Nunca fui ryka, mas andava de carrinho da sala à
cozinha. Sabia contar até sete e deixava todo mundo morrendo de orgulho. Construí
inúmeros castelos de cartas. Inventei diversos cardápios de lama. Acordei
muitas madrugadas para dá injeção ao meu tamagotchi . Banho? Só se for de
mangueira e a manhã inteira... Chiclete no cabelo. Chiclete no tênis. Chiclete
na calça. Chiclete na bolsa da Barbie.
Mas como a tendência é o amadurecimento,
surgiram as linhas... Isso mesmo, as linhas para arrancar os dentes de leite
moles. Metiolate com muita frequência. Às vezes para mudar a rotina usava
violeta. Mas isso nunca foi impedimento
para uma puladinha de elástico. Uma matada no fim da tarde.
Andando de bicicleta tantas vezes cai de
cara . Fui atropelada repetidamente, mas nada derrubava meu sorriso. Prometo
que mais nada irá derrubar... Afinal de contas a infância é apenas o começo de
uma grande vida! Apenas o começo. Não quero contar aos meus netos como era
minha infância. Quero mostrar para eles como é a minha infância. Quero ter vida
para ser uma criança de responsabilidade e com coragem. Quero morrer ainda criança
com uma idade bem avançada!