26 de fev. de 2011

Quem anda escrevendo seus romances?
   Mesmo que sentisse seu abraço forte e os ponteiros cessassem o trabalho para contemplar essa romântica cena, Júlia não sentia o oxigênio irrigar seus tecidos. Por outro lado, sentia uma avalancha corromper sua inspiração sufocando anestesiamente seus desejos e seus planos. Ela queria continuar a vê-lo, mas não conseguia aceitá-lo. Ela o amava. Nunca tinha o traído, nem pretendia. Mas estava traindo a si mesma. Recusando seus anseios e seus medos para deixá-lo seguro.  Suas fobias foram apagadas e enterradas junto com seu orgulho. Já não pensava mais em si, nas horas que poderia diverti-se ou sorrir, apenas perdera a alegria de ver novos rostos e descobrir novas histórias e aparecer para a felicidade. Escondera-se. Refugiada em sua escuridão abafada, isolada de calor humano, desprendida dos olhares calmos, presa nas correntes do medo, amou Júlia. Amou como ninguém. Amou um alguém. E ainda ama... Só não sei quando irar parar de se rastejar já que ela gosta da vista lá de cima. Mas agora Júlia tem fobia do sol. Não consegue confiar mais na luz, pois ela não pode tocá-la. Não confia em nada que não toque. Confia no amor, já que ele o toca e perfura sem cessar sua alma. Confia nos amantes e no amor. Confiasse em si, temendo cair, temendo não conseguir. Vive enclausurada pela sua trajetória, condenada a vida. Condenada a ver por uma janela o rastro do seu amor. Até que se sinta digna de ...
   -Júlia acorda café da manhã ...

2 comentários:

Hoje a madrugada está proporcionando o clima adequado para uma entrega inteira aos meus devaneios, aos meus cadernos e as minhas cifras....